Belém
dos meus encantos
Lá
vem Belém,
moreninha
brasileira,
com
perfume de mangueira,
vestidinha
de folhagem.
E
vem que vem,
ligeirinha,
bem faceira,
como
chuva passageira
refrescando
a paisagem.
Lá
vem Belém,
com
suas lendas, seus encantos,
seus
feitiços, seus quebrantos,
seus
casos de assombração.
E
vem que vem,
com
seu cheirinho de mato,
com
botos, cobra Norato,
com
rezas, defumação.
Lá
vem Belém,
recendente,
feiticeira,
no
seu traje de roceira,
na
noite de São João.
E
vem que vem,
com
seus banhos de panela,
alecrim,
jasmim, canela,
hortelã,
manjericão.
Lá
vem Belém,
a
Belém dos meus encantos,
dos
terreiros, Mães de Santo,
das
crendices, do pajé.
E
vem que vem,
com
sobrados de azulejo,
vigilengas,
Ver-o-Peso,
na
enchente da maré.
Lá
vem Belém.
No
dia da Trasladação
vela
acesa, pé no chão,
sempre
firme em sua fé.
E
vem que vem,
o
povo implorando graça,
sempre
que a Berlinda passa
com
a Virgem de Nazaré.
Lá
vem Belém,
junto
de Nossa Senhora,
dia
do Círio ela implora
saúde,
paz e dinheiro.
E
vem que vem
o
povão, o povo inteiro
porque
Deus é brasileiro
e
Jesus nasceu em Belém.
Sylvia
Helena Tocantins
Escritora
e membro da Academia Paraense de Letras
Fonte:
www.blogderocha.com.br
Foto: Fernando Sette
Fonte: Imprensa Oficial