Discutir o
processo de veiculação da produção musical pelos modernos meios de comunicação
do século XX. Esse é o mote da pesquisa que resultou no livro ‘Cidade dos
Sonoros e dos Cantores – Estudo sobre a Era do Rádio a partir da capital
paraense’ – de autoria do pesquisador Antonio Maurício Dias da Costa, que será
lançado nesta segunda-feira, 31/5, às 19h, no estande da Imprensa Oficial do
Estado, na XX Feira Pan-Amazônica do Livro, no Hangar, com entrada franca.
Maurício
explica como se interessou pelo tema. “Trata-se de uma questão que me vinha à
cabeça desde a pesquisa do doutorado, que rendeu o meu livro "Festa na
Cidade" (Ed. UEPA, 2009), que estuda as relações entre os participantes do
circuito das festas de brega de Belém e sua movimentação pela cidade”, contou.
“Mais tarde,
a partir de 2011, me dediquei a investigar a presença dos "sonoros"
ou "picapes" em Belém, os antepassados das atuais aparelhagens. E
descobri que por volta dos anos 1940, alguns de seus primeiros locutores
chegaram a trabalhar em emissoras de rádio”, informou.
O
pesquisador analisa a presença desses locutores nas rádios paraenses, como a Rádio
Clube, Marajoara, entre outras, e passou a se interessar também pelos cantores,
muitos deles surgidos em programas de auditório das emissoras de rádio.
“A Rádio
Clube foi a primeira a inaugurar um auditório para seus programas musicais em
fins dos anos 1940. Nessa época, as emissoras de rádio tinham seus cantores
permanentes, conjuntos musicais pequenos, os chamados "Regionais",
além de orquestras”.
O escritor
explica que na época da ‘era de ouro do Rádio’ no Pará as emissoras faziam a
ponte entre o estrelato musical do eixo Rio-São Paulo, com as emissoras
pequenas, como a Clube e a Marajoara. “Os artistas dessas emissoras circulavam
por todo o país em excursões. Vinham à Belém nos anos 1950, artista da Rádio
Nacional como Ângela Maria, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira, Ivon Cury, entre
outros, especialmente em períodos festivos, como o Círio de Nazaré”.
Enquanto
isso, os cantores revelados no rádio paraense buscaram se estabelecer
preferencialmente no Rio de Janeiro, como Alfredo Oliveira, Bola Sete, Walt
Ramôa e Ary Lobo. “Ary Lobo conseguiu efetivar uma sólida carreira musical na
“Cidade Maravilhosa”, produzindo ao todo 9 LPs, compactos e coletâneas por
grandes gravadoras sediadas no eixo Rio-São Paulo”, narrou Antônio Costa.
Segundo ele,
a busca destes cantores por projeção nacional estipulou um modelo de sucesso
para outros aspirantes ao estrelato musical e que continuavam a frequentar os
auditórios de rádio em Belém até os anos 1960.
Com a inauguração
da TV Marajoara em 1962 em Belém marcou o início de uma nova era, na qual os
elencos da grade variada de programas radiofônicos viriam a ser diminuídos ou
mesmo extintos. “Época em que os investimentos de anunciantes declinaram e o
rádio viria a assumir um posto secundário e complementar à televisão”, analisa
o pesquisador.
SERVIÇO
Lançamento do livro ‘Cidade dos Sonoros e dos Cantores – Estudo sobre a Era do
Rádio a partir da capital paraense’.
Data: 30/5
Hora: 19h
Local: Estande da Imprensa Oficial do Estado na XX Feira Pan-Amazônica do
Livro, no Hangar, com entrada franca.
Texto: Ronaldo Quadros
Ascom Imprensa Oficial do Estado
Fonte: Imprensa Oficial