Notícias

Livro mostra movimento musical paraense na chamada Era do Rádio
30/05/2016

Discutir o processo de veiculação da produção musical pelos modernos meios de comunicação do século XX. Esse é o mote da pesquisa que resultou no livro ‘Cidade dos Sonoros e dos Cantores – Estudo sobre a Era do Rádio a partir da capital paraense’ – de autoria do pesquisador Antonio Maurício Dias da Costa, que será lançado nesta segunda-feira, 31/5, às 19h, no estande da Imprensa Oficial do Estado, na XX Feira Pan-Amazônica do Livro, no Hangar, com entrada franca.

Maurício explica como se interessou pelo tema. “Trata-se de uma questão que me vinha à cabeça desde a pesquisa do doutorado, que rendeu o meu livro "Festa na Cidade" (Ed. UEPA, 2009), que estuda as relações entre os participantes do circuito das festas de brega de Belém e sua movimentação pela cidade”, contou.

“Mais tarde, a partir de 2011, me dediquei a investigar a presença dos "sonoros" ou "picapes" em Belém, os antepassados das atuais aparelhagens. E descobri que por volta dos anos 1940, alguns de seus primeiros locutores chegaram a trabalhar em emissoras de rádio”, informou.

O pesquisador analisa a presença desses locutores nas rádios paraenses, como a Rádio Clube, Marajoara, entre outras, e passou a se interessar também pelos cantores, muitos deles surgidos em programas de auditório das emissoras de rádio.

“A Rádio Clube foi a primeira a inaugurar um auditório para seus programas musicais em fins dos anos 1940. Nessa época, as emissoras de rádio tinham seus cantores permanentes, conjuntos musicais pequenos, os chamados "Regionais", além de orquestras”.

O escritor explica que na época da ‘era de ouro do Rádio’ no Pará as emissoras faziam a ponte entre o estrelato musical do eixo Rio-São Paulo, com as emissoras pequenas, como a Clube e a Marajoara. “Os artistas dessas emissoras circulavam por todo o país em excursões. Vinham à Belém nos anos 1950, artista da Rádio Nacional como Ângela Maria, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira, Ivon Cury, entre outros, especialmente em períodos festivos, como o Círio de Nazaré”.

Enquanto isso, os cantores revelados no rádio paraense buscaram se estabelecer preferencialmente no Rio de Janeiro, como Alfredo Oliveira, Bola Sete, Walt Ramôa e Ary Lobo. “Ary Lobo conseguiu efetivar uma sólida carreira musical na “Cidade Maravilhosa”, produzindo ao todo 9 LPs, compactos e coletâneas por grandes gravadoras sediadas no eixo Rio-São Paulo”, narrou Antônio Costa.

Segundo ele, a busca destes cantores por projeção nacional estipulou um modelo de sucesso para outros aspirantes ao estrelato musical e que continuavam a frequentar os auditórios de rádio em Belém até os anos 1960.

Com a inauguração da TV Marajoara em 1962 em Belém marcou o início de uma nova era, na qual os elencos da grade variada de programas radiofônicos viriam a ser diminuídos ou mesmo extintos. “Época em que os investimentos de anunciantes declinaram e o rádio viria a assumir um posto secundário e complementar à televisão”, analisa o pesquisador.

SERVIÇO
Lançamento do livro ‘Cidade dos Sonoros e dos Cantores – Estudo sobre a Era do Rádio a partir da capital paraense’.
Data: 30/5
Hora: 19h
Local: Estande da Imprensa Oficial do Estado na XX Feira Pan-Amazônica do Livro, no Hangar, com entrada franca.

Texto: Ronaldo Quadros
Ascom Imprensa Oficial do Estado

Fonte: Imprensa Oficial