O cenário é uma aldeia indígena e o protagonista é um curumim (criança, em tupi-guarani) que sonha formar um time de futebol, mas se depara com um grande obstáculo, já que todos os seus amigos eram, na sua visão, considerados ‘defeituosos’: o saci só tinha uma perna, o curupira tinha o pé virado para trás e a mula não tinha cabeça. Essa é a trama do livro “Tupiniquimera - sonhos de um curumim”, mais uma obra produzida pela editora pública Dalcídio Jurandir, cujos exemplares foram entregues ao autor, o professor Higino Loureiro, na manhã desta quarta-feira (2), na sede da Imprensa Oficial do Estado, em Belém.

Em bate-papo com o presidente da Imprensa Oficial do Estado, Jorge Panzera; o diretor Técnico, Allan Brandão; o coordenador da Editora Pública Dalcídio Jurandir, Moisés Alves e o assessor Roony Oliveira, o professor do Ensino Fundamental da Rede Pública contou sobre suas andanças pelos municípios paraenses, que o levaram a escrever o livro. 

“Por gostar muito de história, tenho preferência pelas historias paraenses e pelas nossas lendas e, observando o cotidiano dos alunos em sala de aula, a gente começa a perceber a necessidade de trabalhar um olhar diferenciado. Às vezes, a gente enxerga uma pessoa de uma forma estereotipada, achando que aquilo é um defeito e muitas das vezes é até uma virtude para aquela pessoa. Existem pessoas que por terem uma deficiência visual conseguem se locomover em um ambiente sem luz de forma normal, completamente à vontade, diferente de quem enxerga através da luz”, justificou o professor, Higino Loureiro.

Segundo ele, o livro foi escrito para expressar esse ponto de vista em relação aos deficientes, por meio das lendas da Amazônia. “Como ele entendia as diferenças dos amigos como defeitos físicos, orava para o Tupã atender o seu desejo e ao conseguir reverter essa situação, percebe que interferiu na funcionalidade de cada um”, explicou o autor, que lançará a sua primeira obra, mas já tem outros contos prontos para serem impressos.

Para Jorge Panzera, que assina a apresentação da obra, a narrativa é carregada de humor, mas com muita seriedade. “A linguagem clara e direta de Higino Loureiro nos transporta para um mundo no qual o fantástico e o cotidiano da modernidade se juntam para nos fazer pensar em como seria o mundo se não houvessem as diferenças pessoais”.

A obra tem prefácio assinado por Moisés Alves, que coordena a Editora Pública. “Nesta obra, o escritor mexe com o imaginário popular sobre as histórias do sobrenatural da floresta, uma marca forte do folclore amazônico. Aliás, o Pará e o Brasil são ricos e cheios de encantos quando se trata de histórias sobrenaturais e contos desse gênero literário”.

 

SERVIÇO

A obra “Tupiniquimera - Sonhos de um Curumim”, de Higino Loureiro, apresenta ilustrações do próprio autor, tem formato brochura, 68 páginas e será lançada em março pela Editora Pública da Ioepa.

*Texto de Julie Rocha (Ascom / Ioepa)

Por Governo do Pará (SECOM)